No século dezenove, no Paraná, existia um andarilho chamado
Zé que vivia realizando cura nas pessoas. Mas ele sofria preconceito por não
tomar banho e sempre carregar um saco nas costas. Por isto muitas pessoas
apelidaram o pobre de Homem do Saco e surgiu uma fofoca de que ele pegava
crianças para fazer sabão.
Um certo dia Zé estava uma região, onde hoje é São Mateus do
Sul, e um menino desapareceu misteriosamente. Logo surgiu o boato de que Zé
pegou a criança para fazer sabão. Deste jeito o infeliz foi linchado e faleceu
devido os ferimentos. Porém seu corpo foi enterrado no cemitério de São Mateus
do Sul.
Reza a lenda que o tempo passou e numa noite de 2014, em São
Mateus do Sul, um sem-teto apelidado de Bahia estava sendo perseguido por
viciados em crack. Mas, ele correu em frente ao cemitério e viu que uma
criatura, em cima do muro, disse-lhe:
- Meu nome é Zé, um dia fui um injustiçado como você e por
isto posso lhe ajudar!
- Pule para dentro do campo-santo.
Bahia saltou e seu novo amigo mostrou um túmulo desocupado,
onde ele pôde se esconder. Então, o pobre colocou suas coisas dentro deste
túmulo e passou a morar lá dentro. Assim, seu recente colega explicou a situação:
- Eu moro aqui e já fui mendigo como você.
Bahia explicou:
- Na realidade, não sou mendigo, pois sou pedreiro. Saí do
Nordeste e vim tentar a vida aqui no Sul atrás da minha irmã que mora em
Curitiba.
O colega comentou:
- Bem, eu já morri há muito tempo e o meu túmulo fica nos
fundos. Se precisar de ajuda, basta chamar.
- Mas, por favor, não fale nada sobre a minha existência.
- Isto deve ser um segredo entre nós.
Numa manhã de Sol, Bahia estava dormindo dentro do túmulo.
Porém uma idosa, que foi levar flores ao seu ente querido, viu o homem deitado.
Por isto chegou perto e notou que, de repente, ele abriu os olhos. Assim, a
senhora saiu correndo e passou a gritar:
- Os mortos estão saindo de dentro dos túmulos!
- É o juízo final!
Deste jeito, a velhinha assustada ligou para uma rádio
popular. Mas, quando os jornalistas chegaram ao local, viram apenas Bahia
fazendo artesanato de lixo reciclável dentro do túmulo.
Desta maneira, o sem-teto foi encaminhado ao Centro de
Referência de Assistência Social. Mas, o fantasma de Zé continua chamado para o
cemitério os mendigos em situação de risco com o objetivo de protege-los.
Luciana do Rocio Mallon
Nenhum comentário:
Postar um comentário