domingo, 20 de novembro de 2016

Noventa novenas para a névoa em forma de sombra
sobras de uma vida que dançava na tempestade
sonhando ser água pura fervendo no asfalto
marcas do silêncio no caminhar maldito da memória.
reza a estória que o fantasma sem nome alimentava-se
da fome, da guerra e da peste.
Faminto de fome não passou
da guerra bebeu todo o sangue
a peste sua assinatura nas crianças que não nasceram.
O espectro do esqueleto imortal perseguia a bruxa,
a macróbia camponesa pelos campos radioativos e rios
que suplicavam água para viver.
Voraz silêncio depois da chuva de metal
semeando campas em aldeias- lápides
só o fogo iluminando a lua ausente ao entardecer.

Wilson Roberto Nogueira

2009

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