domingo, 6 de novembro de 2016

A lama em Mariana.


eu quero escrever e não posso.
eu quero esquecer e não posso.
só sei estender gravuras mortas
sobre o pálido asfalto deste dia
de lamas e memórias de mar...
(eu queria amar, e não posso,
o mar,
pai nosso.
eu queria amar e não posso
remapear o mar.
eu quero
eu queria
rememorar o mar que amei
azul
sem lama
sem tempo
sem sal
mas os lençóis de mar- que também sei céu e terra-
estão sujos de lama e não há mais ouro nem janelas.
nem há cama ,Mariana, para deitar os mortos
das pálidas gravuras, que estendo sobre o chão do seu quarto
minguante de amor.

Lázara Papandrea.

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