Aqui pra baixo tem uma chácara vizinha à minha. As duas são
cercadas, a minha por tela e a outra por muro, e separadas por uma estradinha
de chão estreita e curta. Quando aqui cheguei, aquela era uma chácara de final
de semana, de churrasco e peladas ao estilo casados x solteiros. Há uns 3 anos,
talvez 4, a propriedade foi adquirida por um empresário evangélico, que
investiu um monte na infraestrutura do lugar e passou a alugá-lo como
"retiro religioso" para grupos da sua igreja. No início, era bem mais
concorrido e ruidoso. Por várias vezes entrei em confronto verbal com o dono e
os usuários do espaço, por causa da gritaria dos cultos e dos fogos noturnos,
que causam sérios danos à fauna local. Até que não soltar fogos foi incluído no
contrato de locação da propriedade. Além disso, ele construiu um salão com
isolamento acústico, quase não percebo mais a histeria coletiva que acontece
lá. A paz foi restabelecida por aqui. No entanto, fui agora dar minha
costumeira caminhada pela chácara com meus cães e notei, estarrecido, que os
galhos de três araucárias gigantescas que ficam naquele terreno foram
totalmente decepados. Restaram apenas três palitos enormes apontando para o
mesmo lugar onde eles costumam apontar quando professam sua fé. O que pensar de
quem glorifica a Deus enquanto destrói Sua maior manifestação, que é a
natureza? Por que fazem isso? Porque para pessoas assim, Deus não está nas
árvores, nos riachos, nos bichos, nos frutos. Não. Para essas pessoas, Deus
está no dinheiro.
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