Eu estou tremendo
Um pouco de ira
Um pouco de medo
E muito de frio
Esse ódio ardendo
A náusea que revira
E em cada dedo
Uma garra que afio
Estou antevendo
A crepitar esta pira
Não mais em segredo,
Não mais no bafio
E quando eu acabar
De parir esta dor
Hei de enforcá-la
No próprio cordão
E hei de despejar,
Sem qualquer pudor
Numa rasa vala
De qualquer chão
Não me surpreendo
Se geme e
respira
Do fundo do poço
Um sonho vazio
Conquanto morrendo
Num fogo que inspira
Pergunto:
Quem foi a besta
Que acendeu o pavio?
Iriene Borjes
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