terça-feira, 5 de setembro de 2017

Eu estou tremendo
Um pouco de ira
Um pouco de medo
E muito de frio

Esse ódio ardendo
A náusea que revira
E em cada dedo
Uma garra que afio

Estou antevendo
A crepitar esta pira
Não mais em segredo,
Não mais no bafio

E quando eu acabar
De parir esta dor
Hei de enforcá-la
No próprio cordão

E hei de despejar,
Sem qualquer pudor
Numa rasa vala
De qualquer chão

Não me surpreendo
Se  geme e respira 
Do fundo do poço
Um sonho vazio

Conquanto morrendo
Num fogo que inspira
Pergunto:
Quem foi a besta
Que acendeu o pavio?

Iriene Borjes


Nenhum comentário: