Num apelo publicitário ela me disse
“eu já tinha Trezentos anos
quando
O desembarque
esparramou teus
Pertences- tudo
vermelho sangue-
um radinho de pilha e um coração
perdulário , e , embora mangue, te
portavas como ilha”
Disse e deu as costas. Como boa
futriqueira lança intriga contando
que eu arque com as respostas.
Um espírito
aborrecido de tanto
desperdiçar argumento lubrifica a
cervical com os lúcidos unguentos
e rompe a couraça
Lida a figura que não desaba, ela
Implica na primeira vitrine “menos
torta e mais bem vestida- a quem
mal examine- mas quem sabe eu
ache no ultraje de Segunda mão
uma ou outra fibra corrompida. “
Reteso-me e relaxo
conforme a
vontade estica e distrai qualquer
músculo delator, mas é o olhar,
sempre o olhar, que complica. É
indutor de barbárie e escracho.
Reflexo da selvageria
, sei que
ela vai rasgar o
verbo quando
principia:
“Duas décadas de
desterro e o
mesmo bode expiatório tenta
apagar no berro o fogo de meus
altares. Teu silêncio é uma chama
líquida que vai lograr-te a forma
nítida em labaredas crepusculares.
Crês que, melhor contorno e mui
versada no jogo dos contrários,
elevam-te à classe
vertebrada?
Só Garantistes vaga de adorno
em meus ossários. Inda és uma
colônia de bactérias a empestear
estas calçadas. Mais um círculo
e acabo com a pose de
virtude
aviltada. Vais descascar embuste
feito cobra e saber-te outro cão
a correr atrás do rabo, o que tens
feito todo o tempo
desde que a
nódoa roxa dos teus passos me
macula. Pra descompasso teu
meu ciclo se regula.
O futuro é
uma mancha alvejada.”
E eu, balzaquiana sem fetiches
por cruzes, Somei às
trinta e três
quimeras mais uma presepada e
ri o riso acre dos
despertos, até
agora, que a chama lambe o
Silêncio parindo luzes, e posso
falar a língua que em nenhuma
das esferas pode jamais ser
deturpada :
O passado é todo presente. Desato o laço
quando me aflige o prenúncio de algum
fracasso, e o
conteúdo do pacote exige
que eu seja livre. O exílio
foi voluntário,
e vim sozinha, procurar o que nunca tive,
calejada em desprezo e boicote. De ti não
esperei nada. Não tome por crueldade a
postura construída em esgares de ruptura
e em ruminar de fome,
como não julguei
particular ser acossada em teus círculos.
Nunca tive pretensão de criarmos vínculos
seculares, todavia, recusar ser holocausto
para teus fregueses é meu direito vigente.
Microcosmo muitas vezes sitiado por coisas
menores, é como organismo que me ergo,
reorganizo e formas inúteis desencorporo.
Escolho salientar o contorno permeável e
permito a distinção. Sim, é soberbo meu
coração sem posses, e
assim o elaboro,
contraponto ao acúmulo de vazio, tantas
vezes Teu vazio, ao meu entorno. Se cheguei
manchada da terra e o
que tinha na mochila,
nada disso me denigre. O provei em meu
sustento, e nunca
recebi um pila pelo qual
não tenha lutado feito um tigre. Desde o
principio aguento destituíres meus méritos
e colheres para ti o fruto de meu trabalho,
e nem intento que ofenda o meu estar de pé,
porém, replico se me
agrides teimando que
eu seja a gata modorrenta no borralho. Sinto
o gosto e os miasmas do suor, posso medir
o quanto valho a silhueta e não abdico. Este
caso nunca teve solução,
eu não poderia ser
filha sem antes servir de pascigo, e não verto
um pingo de remorso pelo cordão que mastigo.
Deixa-me seguir com a vida que o ponteiro gira.
E nota o pronome. Talvez quando inquirida sobre
o rito final eu diga teu nome . Ou seja, desfruto
da parte que aspira e sonha e a outra, um dia, o
teu chão come.
Iriene Borges
Nenhum comentário:
Postar um comentário