sábado, 2 de setembro de 2017

DESABROCHAR


Desabrochou de tardinha,
em seu jeito percebia-se ainda a menina,
no lençol vestígios do seu despertar,
no travesseiro muito do seu cheiro.

Quando anoiteceu,
sorriu seu sorriso mais matreiro,
tomou um banho bem quente,
se perfumou toda
e no seu vestido mais ousado,
dobrou todas as esquinas,
varou madrugadas desertas,
viveu pelas ruas
um poema de amor e dor.

Amanheceu mulher
de olhar sofrido e desesperançado,
já meio assim sem pétalas
e esquecida da menina,
não quis mais brincar.



 NALDOVELHO

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