-Se vamos morrer, já somos miragem,
diz o cego Akbar, antes de sorver acqua toffana.
O copo e o corpo caem na laje de barro cozido.
Ainda pronuncia palavras magras o corifeu:
_Cuidem da morte como se ela fosse pedra preciosa,
e Akbar , cansado, alcança a única janela do porão:
-A morte é o carvão que pode acordar o lume.
Em seus olhos duas nódoas lilases vêm à tona
Akbar percebe que nunca esteve vivo.
Apalpa o corpo e o corpo é miragem.
Os olhos afundam na visagem que se esvai.
Akbar por isto , presente que há um Olho Sagrado,
a voz do olho que ensina : _ Cuidem da Morte:
que a imaginação é a únicaestrela.
Fernando José Karl, ( Joinville ,Santa Catarina 1961- )
Travesseiro de pedra
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