Seguimos caminhando por entre tumbas modernas, sepulturas
Formosas, lembrando-se dos velhos cadáveres que elas abrigam e de suas feridas
letais, aspectos trágicos de suas memorias, contribuições significativas para
seus atuais quadros degenerativos, palidez mórbida e estrutura esquelética.
Tudo pelo qual foram diagnosticados mortos, para assim hoje possuírem tão belas
moradias fúnebres.
É um belo passeio quando a carne esta morta e os olhos
enterrados, não se pode odiar, não se pode discordar, às vezes é tão fácil
perdoar. Tudo acerta um ponto depois da vida, e as regras básicas de uma visita
a um ex-vivo são; deixar a animosidade de lado, trazer um sorriso na face, uma
lagrima esporádica no olho e um enorme senso de conformismo imposto na testa.
Dos mortos não colhemos a mentira, às vezes por ela morremos e muitos defuntos
colhem confissões. É mais fácil admitir certas coisas quando não se está sendo
ouvido; os mortos assumem um papel de consciência, de padres, de psicanalistas.
Todos possuem luxos em vida, e na morte tudo não passa de promessas, o que de
mais concreto e verdadeiro pode ocorrer é uma bela cerimonia, votos de
saudosismo e lagrimas caindo ao chão. Uma pena, pois colhemos tanto em vida que
penso que na concretização dela deveríamos ter algo mais solido e especifico.
Dizem que a morte vem para nos levar. Da vida não se pode dizer o mesmo, ela
não tem estas poderes supremos depois que morremos. Num estado tão especial e
único de meditação me imagino rodeado de silencio e paz, sem e matéria severa,
sem limites, sem relógio, sem termos, sem o “ ter” e o “querer” na essência
primária do universo, deitado, numa nação de mortos.
(yzzy Daniel Myers)
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