segunda-feira, 30 de outubro de 2017

SAMBA DA MORTE



Minha fuga é o meu prazer
Um covarde prazer onde me encontro
Um doce querer e encanto
Encanto que limpa o meu pranto

E se já não sinto culpa
Ah! Me desculpa
Não foi por querer desejar

É que hoje a noite é tango
E danço sem o pranto
Que sempre esteve no meu olhar

Hoje meu olhar é estrela
Que brilha toda faceira
Fazendo a tristeza cantar

Hoje não sinto saudade
O tempo que foi...tempestade
Agora é só festejar

Pois o carnaval vem chegando
E terei que abandonar o meu tango
E ir pra avenida sambar

Mas se não der tempo pro samba
E a morte vier me espreitar
Lembre que o tempo é guerreiro
Não pára o ano inteiro
Nem pro meu bloco passar

Se a vida me foi um engano
Valeu mesmo assim meu amor
O sorriso que escondeu meu pranto
Só fez diminuir minha dor

Mas peço ao dono do tempo
Um pouquinho de argumento
Pra poder festejar

Não vou deixar essa vida
Sem uma emoção passageira
Sem ter sido a primeira estrela
A ver o sol raiar

E nessa vida de dança
Com essa estrela que canta
O tempo estancou ligeiro
Para que eu pudesse passar

E deixei pro vento do tempo
Toda culpa, toda fuga
Toda covardia e todo pranto

Agora sou destaque do encanto
Agora vou festejar
Com a liberdade no peito
Cerro os meus olhos
Vendo o meu samba ecoar!

Larissa Fadel


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