Tempo das águas paradas,
noroeste do quase nada.
Velho casarão, beira da estrada,
e no fundo do quintal um rio;
peixe de couro, sem escamas
e o velho Nicolau dizia: dourado!
O cheiro de zinabre,
alambique, aguardente,
pequenino já gostava
de veneno de serpente,
e Manézinho Araújo,
lá do fundo do engenho berrava:
cuidado menino, isto vicia!
Trilhos que sangram cidades,
rede ferroviária, Maria Fumaça,
Recreio, Leopoldina...
E eu dizia: Vô Salvador!
Quando eu crescer
vou ser maquinista.
E ele a sorrir dizia:
cuidado menino, dormentes de trilho,
sangrar as Gerais...
Isto vicia!
Tempo das águas paradas,
Lagoa dos Inclusos,
noroeste do quase nada,
caminhos sangrados, entranhas,
lembranças
das minhas Gerais.
NALDOVELHO
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