quinta-feira, 26 de outubro de 2017

poema-hálito

A seguir, um poema-hálito, por mais insólito que lhes possa parecer, sobre uma questão que nos diz muito respeito: a vida, a eternidade que a compreende. A hipótese-poema que não deixa o poeta, a hipótese-delírio sobre o existir, muito bonita, imagem forte, de muita vibração: batimento de "medusas" (na mitologia grega, Medusa é a única mortal das górgonas), filha de deuses marinhos, criatura mortal, assim como nós, com serpentes na cabeça, assim como nós, de olhar que petrifica tudo que encontre à sua frente, à sua mira, assim como nós, "medusas" engolfadas, engolidas, por um abismo oceânico, como nós, engolidos pelo abismo-morte, que não imaginamos onde vai dar. Ou, então, a hipótese-delírio sob a forma de campânulas fluorescentes, flores silvestres coloridas, de colorido forte, consumindo o tempo em suas tarefas mundanas, assim como nós consumimos, enquanto um tempo maior, tempo do "correr da vida", as consome, tal qual acontece conosco. O desde sempre mesmo movimento da eternidade: as coisas consumindo o seu tempo no "estar-no-mundo" enquanto um tempo maior as atira para dentro de um abismo de onde nunca se consegue sair. 

Paulo Sabino


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