Tem noites
que quero esconder o meu rosto,
não na fronha ou nas cobertas,
mas no meio
das tuas pernas
abertas. A vergonha é tanta
por ter nascido
que só o retorno às fontes
me pode salvar
do colapso dos dias.
Tem noites
que quero beber de meu próprio poço
até o fim, morrer, renascer
como um broto,
um pássaro,
um arquipélago azul.
Toda a vida é espanto.
Todo amor é perjúrio.
De ti nascerei de novo
como um homem
pronto a chorar
como da primeira vez.
Otto Leopoldo Winck
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