segunda-feira, 23 de outubro de 2017

conforme a maré

é um privilégio ser o que me cabe
e o que pretendo para além de mim.
um pássaro naufraga no meu céu
e eu continuo projetando um horizonte
contra qualquer eclipse.
já sei que vou talvez me estiolando
embora nasçam flores no meu sonho
e a carne ainda se acenda em gozo.
quem sabe um dia saiba meus portantos
e tenha por sustento a aventura
de expor ao vento essa ave-vida.
as marés vão roendo o meu barco
a alegria nasce em cada porto
a lua segue em seu caminho
e eu sem profecias me adivinho



 De Geraldo Carneiro


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