A vela tremula sobre o castiçal,
A cera que dela escorre esculturas estranhas vai...
formando,
Como gotas, como lágrimas descendo...
Ao final do pavio a luz chora,
Trêmula e apegada aos últimos instantes antes de ser
apagada,
Não porque lhe falta o ar, o fogo, a chama...
Sim porque lhe converte o tempo a cera em lágrima derretida.
A luz vai embora.
E a escuridão que dela fica, nem um milhão de luzes
iluminam,
Porque até uma vela em sua curta vida se faz única.
E no castiçal onde foi erguida,
Escultura e enigma;
Ascendem mil outras chamas,
Desta feita num ciclo ininterrupto,
De vela a vela... Chama a chama...
Onde...
Escultura, cera e lágrima se depositam,
Umas sobre as outras... Ascendendo e apagando,
Vindo e indo, infindamente...
Ou até que o castiçal por um descuido ou intempéries do
intercurso
Extinga-se.
E nele nem luz, nem treva,
Nem forma nenhuma mais se converta...
Como supõe no mundo o fim de tudo.
Ou o início silencioso e pacífico
Ao que regressam as almas quando despertam...
Além das luzes, num salto quântico...
Livres.
CRISTIANA MOURA
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