Em verdade
deixo escorrer do meu corpo
algo que vindo da mente,
parece desconexo, torto...
fico aqui imaginando
o quê minha alma pede
enquanto a cortina balançando,
sente o fluxo do ar,
como se bailando...
A fluidez que se encorpa
faz-me pensar,
no que a vida comporta,
quando volitamos olhos abertos,
pelos caminhos dos temas, que outrens,
não gostam de ler ou ouvir...
coisas que parecem lhes afligir...
Coloco-me fora de órbita...
violão ao lado, calado,
livros e jornais
pelo quarto, que se faz desarrumado...
e no cabideiro,
parece que meus casacos
dão-se por inteiro,
ao direito de entre eles conversar...
Paredes claras,
onde as luzes clarejam
todas as vertentes raras,
que de repente tracejam
minha forma de voar...
sei lá,
escrever é algo tão sublime,
que o cime
de qualquer montanha,
assemelha-se ao inicio de um caminhar.
Por que será,
que quando abrimos nosso verbo,
e sem nos esquivar
falamos do atraso, que em nós se assevera,
muitos não suportam escutar?
Por que será?
Talvez minha viagem,
por entre folhas, rabiscos, risos, guisos,
representem uma estiagem...
mas eu creio piamente,
que se algum dia eu tiver que perder a coragem,
melhor seria
abrir-me com a poesia,
e dizer a ela
de forma singela,
que bedear pra mim não dá...
E sigo por aqui, olhos fixos
no que me faz aprofundar...
Quando lanço-me poeta,
longe de querer ser profeta,
invade-me o afã de desarmar.
Contornar feridas,
curá-las, se milagreiro o Pai me fizer...
Eu sou o que Ele quiser.
Mas o que eu não consigo,
- e nem por isso me maldigo -
é me esconder da vida,
pois sou dela um confidente.
Um viajor consciente,
que ama, sente,
mas que jamais far-se-á calar...
Repentinamente,
pode ser que o que se faz fluente,
resida justamente no ato de jamais se escudar...
Dizer o que penso,
pra mim é algo tão intenso,
quanto o dom divino de amar...
Josemir Tadeu Souza
13 de setembro de 2011 13:25
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