De um lado um rosto
devastado pela história:
sábio, mórbido, quase bárbaro.
De outro um semblante cujos traços são
como rios intermitentes depois das chuvas de verão.
Entre um e outro, abismos.
(Abismos capazes de afogar constelações,sagas e rosas.)
E as pontes são palavras
titubeadas ou gritadas na noite,
gestos prenhes de aproximação e medo, imprecações
e confissões de opróbrio.
E o pavor diante do nada. Ou diante do mundo.
O amor às vezes é isso --
tentativas, tratativas de contato e o propósito
de andar juntos mais uma quadra, uma estação, um passo.
De um lado um passado assombrado por visões.
Do outro, o estupor diante do sol novo.
Aqui, um certo cansaço diante do efêmero.
Ali, uma fadiga antecipada: o que pode vir que seja
diferente? Mas entre um e outro
há um pacto de gelo e fogo:
vamos ver aonde vai dar.
Quem sabe um susto, um precipício,
quem sabe uma contradança.
Otto Leopoldo Winck
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