sábado, 6 de abril de 2019

porto de porcos



● tentei pensar no porto e senti nojo ●
● daquela manada repulsiva e sordida ●
● cada um deles sem exceção repulsivos ●
● cada um deles como porcos espojados ●
● no centro repulsivo da pocilga q gira ●
● ate o mar de mijo e merda repulsivos ●
● principalmente agora tudo repulsivo ●

● os professores os alunos os colegas ●
● todos com os cascos bifidos dos porcos ●
● deitados no centro obsceno da pocilga ●
● advogados juizes funcionarios bedeis ●
● o rio os mascates de doces e salgados ●
● a dançarina o louco todos repulsivos ●
● ate eu mesmo repulsivo vivi ali ●

● porisso tenho tomado banhos demais ●
● vivi deitado e nu no centro da pocilga ●
● empanzinado de palavras repulsivas ●
● com uma mulher repulsiva e porca ●
● a porca repulsiva e sordida g gira ●
● com vizinhos repulsivos e porcos ●
● num trabalho porco e repulsivo ●

● tudo no centro repulsivo da pocilga ●
● cada coisa lugar e animal é repulsivo ●
● cada ideia é repulsiva sem ser nada ●
● não é um pensar é bufa mofo é nojo ●
● cada palavra so se agarra as outras ●
● duma maneira repulsiva e rola e cai ●
● jamais duma maneira boa e musical ●

● andam dançam roem repulsivamente ●
● suados como porcos repulsivos q giram ●
● no centro da pocilga q gira e gira ●
● todos grunhindo tristes como porcos ●
● no centro da repulsivo da pocilga q gira ●
● num bando numa manada numa rale ●
● q não passa duma pocilga repulsiva ●

● todos puros todos limpos e lindos ●
● se contorcendo na lama no estrume ●
● todos certos todos corretos e lindos ●
● se contorcendo no centro da pocilga ●
● no centro repulsivo da pocilga todos ●
● bajulando todos mordendo e suando ●
● no centro repulsivo da pocilga ●

● mães repulsivas com suas barrigas ●
● repulsivas cheias de filhotes azedos ●
● todos repulsivos e filhotes ao redor ●
● no centro repulsivo da pocilga q gira ●
● sob os olhos vazios e repulsivos ●
● dos q pensam q foram os cafetões ●
● repulsivos de mães q tossem e giram ●

● as ruas as escolas as igrejas o vento ●
● tudo repulsivo no centro da pocilga ●
● politicos meganhas padres a tribo toda ●
● os pederastas enrustidos os pintores ●
● todos rodopiando no centro obsceno ●
● no centro da lama e do esterco q gira ●
● no centro obsceno da pocilga q gira ●

● os mortos q se borraram de medo ●
● os q se mataram de medo os poetas ●
● os vivos fedendo a suor e esterco ●
● no centro obsceno e azedo da pocilga ●
● sem q nenhum deles consiga saber ●
● q são porcos sangrados no centro ●
● q gira no centro obsceno da pocilga ●

● as cobras os escorpiões os inimigos ●
● a burrice deslizando repulsiva e azeda ●
● no centro obsceno da pocilga q gira
● as escolas os presidios os bancos ●
● as luas vermelhas a fumaça a tosse ●
● nus os porcos todos dançam e giram ●
● no centro obsceno da pocilga q gira ●

● tentei pensar no porto e senti asco ●
● nojo das pontes dos peixes asco ●
● de cada tijolo de cada roupa e beijo ●
● de todos aqueles porcos girando ●
● na lama no esterco no centro obsceno ●
● sempre daquela pocilga repulsiva eu disse ●
● daquela pocilga ninguem vai escapar ●

● nem os capachos nem os servos ●
● nem os covardes nem os impostores ●
● por poder e dinheiro no eixo podre ●
● da pocilga q gira q gira nem o medo ●
● nem a tolice nem o torpor q gira e gira ●
● impostores e patifes no esterco repulsivo ●
● do centro obsceno da pocilga q gira ●

● nem morrendo se foge da pocilga ●
● ali vão se reproduzir sem fim e sempre ●
● reproduzir so o mesmo o mesmo so ●
● no centro obsceno repulsivo da pocilga ●
● ali todos berram so o trabalho liberta ●
● ali todos berram viva a morte a morte ●
● no centro repulsivo da pocilga q gira ●

*

Para Carlos Moreira
26 de julho de 2017.

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