Nasceu em 1813, numa cidade ficcional, Badanha. Até o
presente momento é uma incógnita o seu primeiro nome. Há uma hipótese que ele
tenha sido batizado por Otávio. Mas a mais forte indicação é que seu nome está
ligado às navegações. Parece que um pesquisador encontrou numa biblioteca uma
certidão em que está registrado com o nome de Henrique, o auxiliar do
navegador. Sua árvore genealógica é de uma família nobre vinda do tempo
escravocrata.
A mãe de Badanha era uma rainha e cozinheira de mão cheia e,
o pai, um ourives. Impressionantes mudanças o fizeram conhecer metade do mundo
e um dia teve a oportunidade de vir morar no Brasil com um pouco mais de vinte
anos.
Foi um foragido; conheceu a fome. Conheceu a perda e o amor.
Fez versos para suas amadas. Malemal sabia escrever, mas deixou uma obra onde
há crônicas, contos e poesias. Essa obra foi escrita com a ajuda de uma mulher,
sua amante? Ningué
m sabe. Utilizou-se de abreviaturas para esconder-se e para
proteger-se. Uma de suas poesias ficou famosa por ele ter feito para um amor
proibido. “Não vejo a hora que chova.../ apenas para te dizer:/ vamos para casa
trocar essa roupa de baixo molhada.” As pessoas na vila quiseram saber de quem
era a autoria de versos tão inspirados. Badanha não se pronunciou. Quieto, no
seu canto avaliou a perspectiva de um dia ser poeta.
Badanha era um desses homens cuja paciência determinava a
sua personalidade. Estava sempre a espera da mudança dos ventos. Ultrapassou a
expectativa de vida, naquela época. E um de seus descendentes, teve mais de
nove, escreveu num prefácio de uma coletânea da produção literária de Badanha
que ele teria gostado de saber que a Princesa Isabel assinou um documento
chamado Carta de Alforria.
De Mara Paulina Arruda
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