Era um homem novo. Tinha pouca idade. Talvez uns vinte anos.
Era Negro. Estava barbudo. Usava gorro e roupas pretas. Tinha mãos grandes. Os
pés calçados por um par de tênis gastos, (nos pés meias de bolinhas) Tudo isso
eu vi na parada que fiz enquanto esperava a mudança de cor na sinaleira. Foi
assim que a Professora contou. Uma mulher gorda, minha conterrânea, enquanto
fazia compras no supermercado. Era isso: ela parecia uma rosa, toda emoldurada
por papel celofane com fitas brancas. Sua fala era a narração triste dos
acontecimentos. Ela contou que este mesmo homem escreve sua história com carvão
na escada da rodoviária. Parece um desenho. Você precisa ver! Você que gosta de
desenhar precisa ver as formas em escrita. É bonito e triste. Toda a sua
família sendo riscada no duro da calçada. Mas não é por aí! Ele precisa é de
trabalho. Um dia conversei com ele, enquanto aparava os ipês, na frente da
minha casa nestes tempos difíceis de luto. Eu colhi uma flor. Misturei a imagem
da minha amiga com seus óculos (uma rosa de óculos!) que ensina e a do homem
sujo de carvão pedindo um ofício.
De Mara Paulina
Arruda
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