segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cantiga.




Um velho lendo a Bíblia, num banco da praça. Um poema sendo colado na agenda de uma menina junto com o papel de um sonho de valsa. Raios atravessaram o céu, dias atrás. Eu me protegi com um guarda-chuva quebrado. Meu pai se vivo estivesse o consertaria. Ele era perito nesse ofício por não saber outro. Quando a chuva passou fechei o guarda-chuva e pus-me inclinada no vento, as mãos enterradas nos bolsos da jaqueta.Segui em frente passando pela menina e pelo velho.O que vi foram páginas sendo esvoaçadas. Em casa espalhei os envelopes das correspondências e separei-os por datas, os selos eu colei no álbum que tinha como título a palavra Saudade. Saudade, palavra abstrata, vinda de um vocabulário além de mim.

 Mara Paulina Arruda

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