sábado, 22 de setembro de 2012

Saracura.


Aves passaram rapidamente fazendo uma sombra sobre o meu rosto. Afastei-me da janela. Caminhei pela casa seguindo os raios que a cada momento trocavam de lugar.
Equinócio.

Na mesa o café estava servido. Uma cesta com pães, em pratinhos bolachas, e xícaras com pires sobre uma toalha bordada em ponto cruz.

Greice Kelli, pernas de saracura.

Procurava encontrar o horizonte dali da janela. Tem mania de camuflar-se. Às vezes arraia ou pedra. Por vezes faz-se numa cor. E quanto não tem outro jeito ela voa até um lugar seu, segredado.
Eu, essa que vos escreve, estou preocupada com ela porque a vejo fazendo drenagens com as palavras de um conjunto de elegias que pretende publicar.
Pergunto como vai o trabalho. Ela volta os olhos para mim, coça as asas e senta-se na cadeira junto à mesa. Serve-se de café com leite. Acompanha com os olhos o vapor do café que voa no ar.
Todo silencio está na casa até ela falar de um sonho que a acordou no meio da noite. Foi em Istambul; um livro de elementos da iconografia fechou-a na página 12. Ela pescava com seu bico fino palavras as quais não decifrava. Quando acordou estava toda vestida de um código inenarrável de um mundo novo a contar.

De Mara Paulina Arruda







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