domingo, 30 de setembro de 2012

Tem muito gabiru por aí, me dizia Dona Regina



Assim como ela tenho um metro e vinte e sete centímetros. Dona Regina tem os pés virados para o mato calçando as chinelas gastas nas beiradas. Usa chapéu jeans bem próximo aos olhos que se fecham quando ela quer enxergar longe. Sua boca parece que sempre está fazendo bico. É costume! Também é costume mastigar cravos da índia cheia de palavras aventurosas dobradas. Por causa das necessidades da vida ela usa uma bolsinha onde guarda o celular, numa capinha, mas não por gosto. Ela espera que seu filho, que mora lá no Rio Grande do Sul, Daniel, lhe dê um telefonema dizendo se está vivo ou morto. Longe dos olhos perto do coração. Ela espera, espera, pinta as unhas de vermelho, espera, espera, conformada com a vida que não é um mar de rosas... espera mais um pouco... gosta de frases feitas: Deus sabe o que faz e a gente não sabe o que diz... espera... na vida a gente se acostuma com tudo... espera e, enquanto espera se surge um bailinho ela vai fina dançar até de madrugada, toda perfumada, com alma de flores. Eu, esta que vos escreve não é esperta, do mesmo jeito de Dona Regina.

 De Mara Paulina Arruda

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