Assim como ela tenho um metro e vinte e sete centímetros.
Dona Regina tem os pés virados para o mato calçando as chinelas gastas nas
beiradas. Usa chapéu jeans bem próximo aos olhos que se fecham quando ela quer
enxergar longe. Sua boca parece que sempre está fazendo bico. É costume! Também
é costume mastigar cravos da índia cheia de palavras aventurosas dobradas. Por
causa das necessidades da vida ela usa uma bolsinha onde guarda o celular, numa
capinha, mas não por gosto. Ela espera que seu filho, que mora lá no Rio Grande
do Sul, Daniel, lhe dê um telefonema dizendo se está vivo ou morto. Longe dos
olhos perto do coração. Ela espera, espera, pinta as unhas de vermelho, espera,
espera, conformada com a vida que não é um mar de rosas... espera mais um
pouco... gosta de frases feitas: Deus sabe o que faz e a gente não sabe o que
diz... espera... na vida a gente se acostuma com tudo... espera e, enquanto
espera se surge um bailinho ela vai fina dançar até de madrugada, toda
perfumada, com alma de flores. Eu, esta que vos escreve não é esperta, do mesmo
jeito de Dona Regina.
De Mara
Paulina Arruda
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