Alberto Lins Caldas
*
● tou farto dessa cidade ●
● dessas noites infestadas pelos porcos ●
● cercando meus mexilhões recheados ●
● maresia podre sempre podre ●
● correndo por essas ruas ●
● e todos nos como cães sarnentos ●
● mexilhões recheados ●
● assim com tomates e cebolas fritas ●
● com castanhas e pimenta verde ●
● cai bem com bebidas violentas ●
● mas pra fazer torna a casa esse lixo ●
● e emporcalha o desejo a vida a mulher ●
● vendo mexilhões recheados ●
● sempre como quem vende o corpo ●
● no cabaré vermelho da cidade baixa ●
● tou farto dessa vida ●
● vida de vendedor de mexilhões ●
● mas como todos não posso escapar ●
● fico me debatendo nas ruas ●
● como peixe arrancado do mar ●
● sangrando sempre sem ar e sem saber ●
● agora é hora de sair e voltar amanhã ●
● o mexilhão recheado ta pronto ●
● e daqui a pouco será tarde demais ●
*
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