quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

BARATA



Seminuas vendem sabonetes e o mar azul-da-prússia de paisagens recortadas de cartão-postal. Movimentos sinco-pados de ancas revelam saliências epidérmicas ao som da música melíflua de oboés. Jatos d’água escorrem pela con-cha do umbigo sob o céu cocainado, longe de estrias e da micose que avança nos pés. O verde em alta definição da folhagem oculta o sulco espesso da cavidade e atrai suspi-ros plásticos, romanescos, fluindo como sangue menstrual. Súbito, assoma a logomarca com a inocência animal de uma máquina de calcular. Iates e sol jamaicano anunciam o no-vo capítulo da novela. Seminuas têm medo de barata.

Claudio Daniel

Nenhum comentário: