(Marco Cremasco)
tome a uva vasculhe-a
ouça o seu sussurro
o que ela quer? deseja?
(vinho ou sobremesa?)
deixe-a à mercê dos lábios
não lhes permita que entumeçam
na voracidade em devorá-la
recomponha-se enamore-se
traga-a entre os dentes
toque-a mordisque-a
umedece-a, primeiro, com a saliva
depois com a lágrima insana
que a tudo corrói e
consome na explosão
que não cabe no corpo
sim no abrigo da uva
para transformar o que era uva
em sumo
e do sumo o gozo do universo
na derradeira herança
de uma videira
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