sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Submundos em nós


Não conhecia as cores
Vivia num lugar que semeava a escuridão
Era levado por vozes entrecortadas
Sombras dançantes de árvores fossilizadas

Eu descia dos longos troncos das sequoias do norte
E tentava segui-lo de longe, tão longe quanto
estamos agora de nossos pais
Era uma batalha encontrá-lo naquele lugar
Eu gritava pelo seu nome que ecoava em submundos divididos por escolhas

Eu tinha medo das pessoas que pensavam em suicídio e atravessava a rua ao pressenti-las aproximando-se com seu ponto final cravado na pupila

Um dia, finalmente o encontrei e foi a última vez
que nos vimos
Ele havia se tornado um pássaro estranho e o seu
espírito não reconhecia mais com o meu

Separamos as nossas solidões e eu voltei para
as sequoias que sabiam me presentear com todas as cores do sol.

Alexandra Barcellos

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