quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

MINHA RUA



Minha rua era tão minha
em sua simplicidade...
Não sei de onde é que ela vinha,
mas ia para a cidade.

Com suas pedras redondas
e duas magras calçadas,
não tinha praia nem ondas,
mas como tinha enxurradas!

Era alegre, era risonha,
tinha orquestra de pardais,
e a cantilena enfadonha
de mil pregões matinais.

Ali cresci, me fiz homem,
e a minha rua, coitada...
qual as mães que se consomem,
foi tudo, sem querer nada.

Foi pista dos meus brinquedos,
de jogos de correrias...
Foi dona dos meus segredos
viu tristezas, alegrias...

Viu meus passos imprecisos,
viu-me garoto, um traquinas,
e viu-me trocar sorrisos
nas rondas pelas esquinas.

Viu-me também, certo dia,
sair da lá, nem sei quando...
Por fora sei que sorria,
por dentro estava chorando...

guardei, porém, na lembrança
aquele encanto que tinha
a rua em que fui criança,
a rua que foi tão minha...

Virgílio Moojen de Oliveira

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