*
● enquanto sangro sancho nada se define ●
● nem o corpo em chamas sabe porq se queima ●
● então basta pisar mais e mais as pedras no sapato ●
● é preciso q vc entenda sem fim essa minha fome ●
● me coma sempre aos pedaços pedaço por pedaço ●
● e não me deixe acordar não me deixe so no escasso ●
● enquanto sangro sancho nada se define ●
● nem mesmo meus olhos brilham no escuro ●
● nem minha lingua de cobra continua afiada ●
● ve esses raios roendo as vidraças e a madeira ●
● a noite batendo como se fosse a tempestade ●
● amigo sancho a tempestade não é treva ●
● enquanto sangro sancho nada se define ●
● por isso não adianta deixar de te esganar ●
● não adianta soltar tua voz tua vida logo agora ●
● sairemos daqui com os olhos bem fechados ●
● mesmo q gritem em nossos ouvidos com o terror ●
● mantem sancho esses olhos sempre bem fechados ●
● enquanto sangro sancho nada se define ●
● uma hora e veras o rancoroso silencio e o giro ●
● dos pes perdidos na mais estranha e doente ordem ●
● não trema nem se espante porq nada é misterio ●
● nada se furta a carne aos olhos aos dentes ●
● nem aos dedos esse esperma das messes maiores ●
*Alberto Lins Caldas
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