quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

não serve a nada de nada um cavaleiro
ficar em casa sereno no meio da meninada
conversando potoca com a empregada velha

não imponho nenhuma lei a esses selvagens
por q nada soma e se dorme e se engorda
e não se ve nenhuma mudança q valha

tou inquieto e assim não sorverei da vida
nem mesmo a ultima gota a q não gozarei
por q nada disso me faz bem ao figado

não serve a nada de nada um cavaleiro
com uma tal navalha inquieta no pescoço
isso de querer a vida e so fugir e se esconder

sofri e sofro muito como todos ao redor
porq sofrer faz parte tanto em terra firme
quanto inteiro ou arrastado nos cinco mares

essas negras terras tão irritadas e nuas
sem elas me transformei em mim e so
errante quase sempre nesse duro impulso

não serve a nada de nada um cavaleiro
q nada viu nada conheceu nada gozou
da vida do poder do pecado e dos ruidos

agora é a vida larga cidades e meganhas
logo eu q não sou parte nem faço disso
nas margens meu largo cavalo de batalha

nada inexplorado nada q se afaste e brilhe
sem se saber origem e destino e a tolice
q a tudo cerca e invade ate o fim e alem

não serve a nada de nada um cavaleiro
daquela maneira derrubado na cama
sonhando com cavalos inimigos e bestas

a comida o vinho escuro conversa q trama
queimar tudo fazendo mudar noite em dia
porq a treva vem e se fica na mais clara luz

agora sim tudo se move quando me movo
e nos movemos pro inescapavel sentido
como se viver fosse muito mais e melhor


*
Alberto Lins Caldas

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