quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014



não beber álcool tem sido um dos maiores prazeres do meu verão, em muitos sentidos. nunca pensei que encontraria prazer nisso, em estar totalmente sóbrio. tenho tentado seguir a dica do poema do Bandeira, em que ele diz "Uns tomam éter, outros cocaína/Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria/Tenho todos os motivos menos um de ser triste". bom, forçosamente no começo, agora não mais, o álcool virou pra mim esse "menos um de ser triste". como escreveu o Caetaninho (intimamente, eu, Troy Rossilho, Thomas Dhaese, Eric Dhaese, Alexandre França, Guilherme Daldin, Bernardo Brandão sempre o chamamos assim) e cantou a Gal "o álcool só me faz chorar". não recomendo a nenhum bêbado convicto nada disso, cada um que banque a sua, etc. mas pra mim, fazer amor, fazer amor sóbrio, sem estar loucaço, fazer amor assim é o maior aprendizado do verão, a melhor delícia do verão e, pode que, da vida. ah e o suco de melancia gelado do Au-Au, meu vício principal talvez... e o dia inteiro de ontem em que passamos, uma turma pra lá de ensolarada, na Cachoeira do Panelão... poxa, que coisa, olho pra mim, até meio curtido do sol, no espelho depois do banho e penso: quem diria?

Luiz Felipe Leprevost

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