não beber álcool tem sido um dos maiores prazeres do meu
verão, em muitos sentidos. nunca pensei que encontraria prazer nisso, em estar
totalmente sóbrio. tenho tentado seguir a dica do poema do Bandeira, em que ele
diz "Uns tomam éter, outros cocaína/Eu já tomei tristeza, hoje tomo
alegria/Tenho todos os motivos menos um de ser triste". bom, forçosamente
no começo, agora não mais, o álcool virou pra mim esse "menos um de ser
triste". como escreveu o Caetaninho (intimamente, eu, Troy Rossilho,
Thomas Dhaese, Eric Dhaese, Alexandre França, Guilherme Daldin, Bernardo
Brandão sempre o chamamos assim) e cantou a Gal "o álcool só me faz
chorar". não recomendo a nenhum bêbado convicto nada disso, cada um que
banque a sua, etc. mas pra mim, fazer amor, fazer amor sóbrio, sem estar
loucaço, fazer amor assim é o maior aprendizado do verão, a melhor delícia do
verão e, pode que, da vida. ah e o suco de melancia gelado do Au-Au, meu vício
principal talvez... e o dia inteiro de ontem em que passamos, uma turma pra lá
de ensolarada, na Cachoeira do Panelão... poxa, que coisa, olho pra mim, até
meio curtido do sol, no espelho depois do banho e penso: quem diria?
Luiz Felipe Leprevost
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