(manoel hélio)
do outro lado da rua
tem havido sempre um outro lado da rua
o sol ilumina as casas
aquece-as
as mãos buscam-no
quase o agarram
de tão próximas
do outro lado de muito mais ruas
sombrios os becos
onde se morde a fome
nas sobras de ontem
de outrem
frio medo revolta
medo revolta frio
revolta frio medo
por dentro
há sol do outro lado da rua
roubaram-no
(coimbra; r. visconde da luz)
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