sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Acreditei
Acreditei
nas palavras ténues...
acordes colados
no meu corpo,
reacendendo emoções,
insidiosamente
amadurecidas pelos silêncios,
condenados
à solidão dos dias.
Acreditei
num poema
que espreitava
do alto dos telhados,
gestos vedados
eternidade consentida,
amando-te
até (des)falecer
nos braços da madrugada.
Acreditei
que as estrelas
nunca se apagavam!...
...e que um dia
a tua boca atrevida,
verteria
sobre o meu seio,
um verso de ternura.
Acreditei
e não pressenti,
que seria orvalho
nas escarpas sofridas da melancolia!
Ana Andrade
o que esperar de um poema?
achegando-te aos primeiros versos,
não espera nada!
.
quem sabe uma breve distração
aos teus olhos?
um prazer efêmero
como o aroma da flor
no passeio público...
.
ao chegar ao poema,
não espera nada!
.
quem sabe,
um levitar suave,
uma dança,
uma valsa perdida...?
.
não, não espera nada!
.
um dia, versos feiticeiros
te obsidiarão todo, inteiro
e lerás o poema como se o primeiro
e o último
.
e tal encantamento experimentarás,
como um arrebatamento!,
.
que chegarás a pensar:
"como pude viver sem estes versos,
sua beleza única,
esta tão intensa e delicada construção,
que me remete aos mais belos tangos de Piazzolla,
a Rodin, Mozart,
ao que há de mais sagrado,
ao que há de mais humano...?"
.
não, não espera nada...
.
mas um dia,
versos certos,
num tempo exato,
.
calarão tua alma!
.
com um som harmonioso,
murmúrios poéticos
ensurdecedores.....
*******

(eduardo ramos)

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