quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Dona Margarida


Dona Margarida, minha vizinha, tem nome de flor, mas sua lida mesmo era com os bichos. Não foram poucas, às vezes que a vi fora de hora, de madrugada, dando comida e água aos cachorros de rua, nos terrenos baldios. No seu quintal, não cabia mais nenhum animal. Quando a encontrava, nunca estava sozinha, sempre uma matilha a acompanhava. Dois deles estavam sempre presentes: Dodô e Dodó. A diferença ficava por conta do acento nos nomes, era o focinho de um, o rabo do outro. Irmãos gêmeos. Dodô era mais sapeca. Ela dava nomes a todos e falava com os vira-latas como se fossem da família.
Tem mais de meses que Dona Margarida adoeceu, foi compulsoriamente levada para a casa de um filho em outra cidade. Agora, os safados pensam que sou caridoso igual a ela. Só porque me viram conversando com dona Margarida, imaginam que gosto deles! Cachorrada pulguenta!!!
Hoje, às três da manhã, estranhei novamente, pois faz mais de uma semana que Dodô não aparece pra comer a ração e tomar água fresca, que sirvo no terreno baldio. Logo agora, que comprei o pó anti-pulga!. Perguntei ao Dodó do paradeiro do seu irmão, ele não me respondeu, mas abaixou a cabeça.

JDamasio

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