sábado, 17 de dezembro de 2016

DESLINDAR

DESLINDAR
são quatro e trinta da manhã
sozinha
dez horas o sol me esmurra a cara
sozinha
café
ração para o gato
banho
jornal
sozinha
um pouco de fome e náusea
migalhas na mesa
cabelo esvoaçado
(me dá a tua mão)
triste é me ver assim
e nem vejo mais
não passo pelo espelho
não lembro
mas me arrepiam os poros
quando penso
sozinha:
escrevo
pra te tocar.

(poema de MELINA FLYNN , poeta japonesa, nasceu em Myioshi, Japão, mas passou a maior parte de sua vida no Brasil. É atriz, escritora e tradutora. Gosta de cinema, fotografia, música, literatura e escrita. Canceriana é descrente de signos, novelas, futebol e religião. Explica o escrever como o expectorar. Não escreve para que se entenda e sim para que se sinta. Publicou o livro Amores Brutos (2011).MELINA FLYNN está na 84ª postagem da série AS MULHERES POETAS...Se quiser ler mais, clique no link http://www.rubensjardim.com/blog.php?idb=49066

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