terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Lugar-comum pode ser Beira do Mar


> 
> Como pessoas comuns podemos rir de muitas coisas que lemos e são superficiais, tolices, piadas...mas quando compartilha com um grupo que se especifica dentro de um título de saber, a coisa se aprofunda! Se uma pessoa, por exemplo,conta-se entre psicólogos, qualquer auto-ajuda será tratada como tal, exceto psicologia. Será pouco provável que circulem entre esses pares, textos de qualidade inferior ao que o conhecimento sobre o qual se debruçaram admite leitura, interpretação, pois passa a haver quase que automaticamente, uma exigência qualitativa de salto maior.
> O mesmo, seria de se esperar, deveria ocorrer num grupo de pessoas que se interessa pelas letras, pelas palavras, pela literatura. A leitura de textos deveria passar por um crivo diverso do que usamos quando estamos "leitor comum". Subliminaridade, intertextualidade, singularidade estilística, o tratamento do tema, enfim, para dizer o mínimo, se é o caso de leitores interessados pela literatura mas sem formação em letras ou disciplinas correlatas, seria o pouco razoável
> na escolha de textos e imagens para circulação entre tal grupo.
> Para ficar ainda mais claro, a seleção de textos passa pela capacidade perceptiva do leitor enviante e demonstra para seu interlocutor sua profundidade interpretativa. Primeiro, de quem o lê; segundo, do quê e o como ele prórprio lê. O leitor depende menos da quantidade de leitura do que da demonstração daquilo por onde ele escoa sua fruição e gozo. Se sempre ri de texto simplório, seu riso o acompanha a esse lugar. Se geralmente se comove por uma banalidade, ali habita uma boa parte da carga emocional que comporta.
> Considero muito importante a presença do leitor comum se avizinhando do leitor de suas especialidades. É ele quem permite aberta uma porta para o fora do comum, por incrível que pareça! Pois é através dele, que pode ser o simples curioso e inicia a leitura de "uma qualquer coisa", à partir dele é que chega o tempo do "leitor aprofundado" que vem com a experiência. É através dele que também se pega qualquer papel com letras num poste, numa revista esquecida no banco ao lado e fazemos a leitura de algo que pode ser a grande idéia daquele conto
> do escritor certo! É, mas podemos lembrar dele também como um estrangeiro que conhece pouco o idioma de outra terra que, nos encontros do que ler à partir das palavras conhecidas, pode trazer à mente propagandas reacionárias,equívocos distantes da humanização e até bobagens tão inúteis que quando trazem algo pode ser a perda de tempo!
> Por isso, apesar do carinho com que trato o leitor comum em mim, sempre verifico o trinco, pois a porta por onde ele passa leva a um corredor por onde se pode percorrer muito mais chão!
> Sempre gostei de pegadas na areia!
> Obrigada pela leitura!

> Maria José de Menezes

Nenhum comentário: