sábado, 24 de dezembro de 2016

FEÉRICA




Precisei de você, apesar
dos pesares.

Precisei te lembrar (te/você, vou misturar...)
lembrar do que não houve, mas ficou
retido, represado
fossilizado, petrolificado...
em tão pouco tempo, já pré-cambriano.
Mas como tudo que é composto
desses hidrocarbonetos em reserva,
nosso futuro do pretérito (nosso ou meu: whatever)
é altamente combustível:
explode e queima, à menor centelha.

Ficou bonita nas novas fotos.
Quem sabe, algum sorriso foi pra mim, apesar
dos pesares.
Por que ter sede do leite da tua pele,
se não posso bebê-la? Se não estava escrito,
programado
não havia ensejo para isto neste tempo-espaço?...
O objetivo talvez seja a poesia.
Se a poesia é o único aposento
a única cama
onde jamais irei te deitar.

De poesia construo uma rosa, então
uma rosa feérica, possível

           alva feita
      de alma nua
e mal visível...

com que acaricie os lábios teus.



Igor Buys

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