segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

oh meu capitão meu capitão



● oh meu capitão meu capitão ●
● não somos dos homens q morrem ●
● quando a mare se esvazia ●

● quando o mar se torna docil ●
● somos meu capitão dos q morrem ●
● quando as aguas são violentas ●

● quando se jogam contra as pedras ●
● como se fossem pedras tambem ●
● quando se espatifam feito vidro ●

*

● de semeadura a colheita ●
● dia se torna noite inverno verão ●
● então olha q agora é so a fome ●

● so temos a nos nesse desgosto ●
● segue teu caminho o desejo o sul ●
● q seguirei o meu pelo norte ●

● ate q essa fome se coma ●
● porq ha de vir pra todos nos ●
● o dia o tempo da fartura o teatro ●

● abre teus olhos ●
● q vem vindo a vida das palavras ●
● q inda não se escuta ou sabe ●

● olha a tua volta o sangue os ossos ●
● vc pro sul onde ha o todo mar ●
● eu pro norte no deserto todo azul ●

● assim nos tece a lingua ●
● a carne segue a carne recebe ●
● como a poeira segue o vento ●

● cada grão percorre a terra ●
● como se fosse por seu desejo ●
● quando é so o vento a tempestade ●

● eu pro norte o deserto todo azul ●
● vc pro sul o mar tão violento ●
● dia se torna noite inverno verão ●

*

● oh meu capitão meu capitão ●
● ate o ultimo minuto lutamos juntos ●
● agora a agua entra pelas brechas ●

● nossa grandeza meu capitão ●
● ta sempre com a maior loucura ●
● ?mas onde ta o barco o barco o mar ●

● a viagem ta terminada ●
● agora nem o sul nem o norte ●
● agora é afundar entre os tubarões ●

Alberto Lins Caldas

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