-Imagino-me cego
andando sem poder orientar-me pelas ruas de um país exótico (em que pese o
senso da margem) sem entender a algaravia, sentindo-me incompleto e desamparado diante de outra
cultura ,onde a identidade me é sonegada por mistério .Gerações passam em
segundos de desespero represado.Quando finalmente,as luzes doiradas de luas
iluminam o sorriso da alma ,por tanto tempo soterrada pela areia da velha
terra.A chuva de punhais de prata passara para dar boas vindas ,não sou mais um alien,estou entre iguais.
A cidade tropeça
em calçadas onde pés de terras longinqüas passaram,legando o barro de suas
cicatrizes de pungente vida ,em particular no centro,onde reverbera o pulso
liquido,taquicárdico ,quando o Sol se vai afastando vagaroso no horizonte.Ainda
o vozerio torna a vida do cego plena de
aventura: ao passar pelo sul da china , Libâno ou Damas ,ouvir a neve dos andes
nas flautas andinas ou o sotaque italianado do espanhol bonaerense.
É uma urbe
pequena porém com o úbere pleno.Na pequenina mulher sina com o putinho às
costas ,ela jovem e visivelmente perdida .Letras e números os quais não lhe
revelavam nada,ela vagava feito morceguinha adolescente enquanto na lancheria à
frente uma anciã esbraveja palavras curtas e supersônicas acompanhadas por
terremotos faciais que provocaram o
desaparecimento do franzino ramo de arbusto expulso pela ventania das ventas
,ela voltou-se com um sorriso para atender o "fleglêis".
A jovem chinesa
com a criança presa às costas olhava
para placas que não lhe contavam como descobrir algum conforto .Quase fora
atropelada pela manada atarantada no estertor do dia ,mas finalmente,quando a
pedra do desespero estava prestes a esmagar a esperança,apareceu um outro
oriental que falou alguma coisa para ela no disfarce do silencio de olhares e
sorrisos ,e depois foram embora ,ele à frente
e ela alguns fantasmas atrás.
Quantas
lanchonetes e pastelarias ,restaurantes chineses,onde estarão os japas e os
"brimos".
Wilson Roberto Nogueira
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