o senhor
descerá as escadas
aos saltos
para o sol imenso inseto
que beija
a
flor da carne
e a navegação das árvores
escandirá o alfabeto
do
milho
como se jantar
fosse um
naufrágio
ou a queda vertical
de um edifício
de 25 vértebras
o senhor verá
o
apocalipse
no dia-a-dia
acordará em praias
de pólvora
após suicídios
de 12 horas
verá o operário
crucificado na madeira
de um
andaime
e o som do aspirador de pó
na sala
será teu último fôlego
o senhor verá
o êxtase
no dia-a-dia
criará a trova
de não cantar
e o que se
arroja
ao fogo, à luz
e ao
pânico
o terremoto subcutâneo
o exaustor do jasmineiro
em
cada célula
e cavidade dos dentes
em cada nervação
das asas
sua régua de ponto
medirá imensos
seu surto de cólera
o tirará da terra
um deslocamento de
ar
em seu peito
relva e usina
de produzir
aves
e quando enfim dormir
antigo
como um
réptil
o senhor sonhará
um incêndio
em suas pálpebras
Rodrigo Madeira
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