Perdão, mas o senhor chegou tarde.
Meses antes dispensasse até a faca
bastava fingido um sentimento
que me poria ainda mais fraca
e disporia de um celular melhor
mobília, apartamento...
Fato é que um irmão (seu de fato)
passou antes e só pude entregar
esse contemporâneo artefato
que o senhor chamou de fone.
Permita-me informar
que ele armazena dados
e atende por outro nome.
Este informe me fez lembrar
- e não tome por deboche-
meus trabalhos acadêmicos,
e por associação um pintor
chamado Bosch. Pode estar
fora da sua alçada
a sacada dessa rima,
mas de qualquer maneira
o senhor vai tomar no rabo
pois levou o aparelho
mas deixou o cabo.
Esse fruto do meu suor
que na sua mão é desperdício
vai custar mais que a metáfora
Sobre inferno e orifício.
Garanto que o senhor paga
e pela ameaça de “furo”
o seu futuro é notícia
na forma rítmica da praga
Desejo sinceramente
que o senhor nunca se redima
dessa sua lida ordinária
e continue incompetente
assaltando estagiária.
A justiça poética
do honorário mixo por hora
é saber que não há nada
pro senhor levar embora.
Ah, o senhor vai saber
o quanto o mundo é cruel
sendo sempre tripudiado
por uma moça bem vestida
a revirar na bolsa papel.
Miserável ludibriado
por essa horda feroz
de estudantes descolados
e freqüentadores de brechós.
Considere-se amaldiçoado
a ter amplamente divulgado
em jornal, cordel, facebook
que o senhor é um pateta.
E toda vez que o acontecido
ameace ser esquecido
que o senhor cutuque
novamente algum poeta.
Iriene Borges
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