sábado, 7 de outubro de 2017

Bala de mel


 – José Marins

       Estou procurando por aquelas balas de mel de antigamente. Eram balas que vinham recheadas de mel, ao menos eu acreditava que sim. Alguém sabe dizer-me onde encontra-las?
       Quando menino eu adorava balas de mel. E hoje me bateu uma enorme saudade daquelas balas. Acho que, sentindo bem, estou com saudades daquele tempo. Vocês tiveram as Balas Zequinha, mas eu sou do interior do Paraná, não conheci dessas. Conheci as tais balinhas recheadas de mel. Eram as doçuras da minha infância, entre tantas que eu pude sentir.
       Procurei-as no mercado e não as encontrei. Tinha muita bala no setor dos doces, mas balinhas recheadas de mel, não. Perguntei para a moça, ela disse afirmativa que nunca viu dessas balas ali. Pensei em perguntar ao gerente, que vi ser um senhor mais ou menos da minha idade. Não sei porque não o fiz. Eu não sou de me inibir com uma coisa dessas. Mas acho que se não está na gôndola do mercado, nem adianta perguntar. É capaz dele me dizer: “leve outra, tem tantas tão boas”. E como é que eu explicaria pra ele, que não, não senhor, iguais às minhas balas de mel jamais encontrei outras.
       Lembrei-me dos baleiros de cinema. Será que eles a teriam? É... não existem mais baleiros de cinema. Talvez se eu fosse numa dessas casas especializadas em doces. É possível, é possível. Eu as encontrava em qualquer boteco da minha cidade. Mas era nas “ vendas” que eu as comprava. Naqueles armazéns de ´secos e molhados´ que o menino encontrava seu tesouro. O homem contava as balas sobre o balcão, conforme o tanto de dinheiro que eu tivesse naquele momento, e embrulhava as balas num pedaço de papel fazendo um tipo de saquinho. A delícia, antes das balas, estava em abrir aquele pacotinho.
       Meu pai, ao voltar de suas viagens, muitas vezes trouxe-me daquelas balas, naqueles pequenos embrulhos. Disso eu nunca vou me esquecer também. E sabem por quê? Porque não se esquece o carinho de um pai. Eu ficava feliz com as balas. E hoje eu sei que ficava feliz por meu pai se lembrar de mim e saber que eu gostava de balas de mel.
       Eu sei que vou encontrar minhas balas de mel. Em algum lugar dessa imensa cidade tem que existir alguma bala de mel. Enquanto a saudade aumenta e mexe no meu peito uma enorme ausência, eu tenho que lhes contar uma coisa: é que eu chamava minha mãe de “minha Balinha de Mel”. Eu fui um menino carinhoso...
       Curitiba, 12 de maio de 2007



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