quinta-feira, 5 de outubro de 2017

POESIA E VINHO

 (A Marcelo Sandmann)

Como conter a embriaguez do vinho
No curto espaço temporal de um verso?
Como reter um traço em pergaminho
tão sutil que se esboroa em tempo adverso?

A arte é uma Dama que distrai a morte
Enquanto se atira aos braços da vida.
Não seja o verso entregue à pura sorte,
Nem surja apenas do suor da lida.

Que nele circule a seiva das veias,
Espesso fluxo que num corte jorre;
Mas tenha o rigor e a trama das teias,
E inspire lucidez, mesmo de porre.



 De Adalberto Müller,




Nenhum comentário: