E se eu te dissesse.
Naquele lugar você olha as pessoas e vê que dentro de cada
uma existe algo que não se pode apalpar, nem mesmo é algo que pode ser
visto.Elas sentam com uma expressão dolorida. que transparece muito bem àqueles
que prestam um pouco mais de atenção à essas coisas.Dançam ao vazio como se
quisessem que aquela música durasse para sempre, como se aqueles minutos que a
faixa se dispõe a tocar, fossem uma fuga do medo de conseguir fugir daquele
lugar...O rosto demarca um olhar perdido, que se encontra com um ego distante
frente ao espelho e quanto mais frenético o ritmo, a batida, mais parecem
estarem livres daquilo tudo ali ,que se tornaram.Poderia permanecer por um
período longo de tempo ali olhando tudo aquilo,a bebida que parece acalmar suas
mentes, daquilo que rola em volta...
E enquanto elas dançam as outras observam com mais ou menos
olhares dependendo isso do quanto quem está dançando tem algo que o resto
gostaria de ver em si mesmo.Os olhares se trocam, mas não se trocam palavras,
se vêem mas não se enxergam e nem enxergam a si mesmas...estão muito longe de
tudo que desejariam ver em suas vidas.Eles sentam e conversam ao som chato de
um adereço externo, que diz entrelinhas qual a finalidade prática de toda
aquela encenação.São elogios e ego e flores e vidas e vazios e sorrisos e muita
dor querendo saltar.Quando param e olham em minha direção, eu lhes dou um
sorriso de quem quer dizer que independente de tudo que se passa ali, eu, sem
me esforçar, consigo ver a alma de cada uma e gostaria de ,mesmo que por alguns
minutos, ser algo que as lembrassem o que elas sem as pinturas e os adereços e
a falta de tecidos pelo corpo,são de verdade.Tais ausências as fazem esquecer
que a pesar tantas opiniões elas estejam tão longe de suas próprias palavras,
da verdade, da vida e dos sonhos.
Eles me perguntam todos os dias o que estou fazendo ali...eu
gostaria de retribuir tal gentileza, gostaria também da mesma forma
assídua,saber qual o motivo ou a falta dele...
Então, vem o dia em que ganham seus merecimentos por aquilo
que fazem,e sempre menos e quanto mais parecem ganhar mais parece que tudo
aquilo some.
Uma unidade monetária capaz de controlar a vontade de sair e
gritar e sentir-se só de si mesma outra vez, mais uma vez.Saber que se tem um
valor e que pessoas estão ali para comprar e então...compram e isso vira um
circulo vicioso tão solitário, tão frio e tão atraente para ambos os
negociantes que o costume encobre a verdade e aparenta sentimentos e emoções
que desaparecem com o amanhecer.
Cristianne Aires
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