domingo, 1 de outubro de 2017

Prostituição.



E se eu te dissesse.

Naquele lugar você olha as pessoas e vê que dentro de cada uma existe algo que não se pode apalpar, nem mesmo é algo que pode ser visto.Elas sentam com uma expressão dolorida. que transparece muito bem àqueles que prestam um pouco mais de atenção à essas coisas.Dançam ao vazio como se quisessem que aquela música durasse para sempre, como se aqueles minutos que a faixa se dispõe a tocar, fossem uma fuga do medo de conseguir fugir daquele lugar...O rosto demarca um olhar perdido, que se encontra com um ego distante frente ao espelho e quanto mais frenético o ritmo, a batida, mais parecem estarem livres daquilo tudo ali ,que se tornaram.Poderia permanecer por um período longo de tempo ali olhando tudo aquilo,a bebida que parece acalmar suas mentes, daquilo que rola em volta...
E enquanto elas dançam as outras observam com mais ou menos olhares dependendo isso do quanto quem está dançando tem algo que o resto gostaria de ver em si mesmo.Os olhares se trocam, mas não se trocam palavras, se vêem mas não se enxergam e nem enxergam a si mesmas...estão muito longe de tudo que desejariam ver em suas vidas.Eles sentam e conversam ao som chato de um adereço externo, que diz entrelinhas qual a finalidade prática de toda aquela encenação.São elogios e ego e flores e vidas e vazios e sorrisos e muita dor querendo saltar.Quando param e olham em minha direção, eu lhes dou um sorriso de quem quer dizer que independente de tudo que se passa ali, eu, sem me esforçar, consigo ver a alma de cada uma e gostaria de ,mesmo que por alguns minutos, ser algo que as lembrassem o que elas sem as pinturas e os adereços e a falta de tecidos pelo corpo,são de verdade.Tais ausências as fazem esquecer que a pesar tantas opiniões elas estejam tão longe de suas próprias palavras, da verdade, da vida e dos sonhos.
Eles me perguntam todos os dias o que estou fazendo ali...eu gostaria de retribuir tal gentileza, gostaria também da mesma forma assídua,saber qual o motivo ou a falta dele...
Então, vem o dia em que ganham seus merecimentos por aquilo que fazem,e sempre menos e quanto mais parecem ganhar mais parece que tudo aquilo some.
Uma unidade monetária capaz de controlar a vontade de sair e gritar e sentir-se só de si mesma outra vez, mais uma vez.Saber que se tem um valor e que pessoas estão ali para comprar e então...compram e isso vira um circulo vicioso tão solitário, tão frio e tão atraente para ambos os negociantes que o costume encobre a verdade e aparenta sentimentos e emoções que desaparecem com o amanhecer.

Cristianne Aires



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