há dias em que acordo me sentindo realmente burro, e ecoam
na minha cabeça os eternos versos do álvaro de campos: 'Serei sempre o que
esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,' - agora me
ocorre que drummond fez uma gambiarra desse verso; não sei ao certo o que me
toma, se uma decepção comigo mesmo ou com o mundo. contudo, talvez ser burro
seja melhor do que ser mediano - boa parte do mundo o é, e ser bem sucedido faz
parte de ser mediano - não são os ignorantes os únicos aptos à sobrevivência,
creio que nietzsche (deus dos maconheiros, dos adolescentes e dos fãs do raul
seixas - muito lido e também muito mal entendido), estava errado nesse ponto,
mas sim os medianos. tenho cá pra mim que a originalidade (aqui caberia uma
citação de heidegger, mas estou burro, hoje, e perco um pouco minha auréola
pedante) habita os extremos da existência, isso se explicaria talvez por uma
necessidade natural da espécie, porque nem o burro nem o gênio tornariam o
mundo um lugar sociável e habitável, em suma: feliz.
William Tecca
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