Por entre avenca e feto e taquarapoca
No seio-limo-musgo da mata ciliar
Corre arregalada a crua matéria-prima essencial
O vero olho da terra é o cristal d’água
E não há no reino mineral
Nenhum poder de pedra que estanque
O jorro das gotinhas
Rasgando as entranhas da terra
Sedentas por ver o sol
Sedentas por ver o sol
Secas por vê-lo
Dourar o campo, o alecrim e a mata
Dourar o vale, a garganta e a serra.
Córnea, cristalino.
Pupila, íris, pálpebra, retina.
Ai, se este olho-d’água
Filtrasse a sentina, a latrina
Do mundo e da minha alma
E o nojo e a náusea e o lodo e a lama lavasse
E o "Eco" pagão aos meus ouvidos recordasse
Que o olho por onde eu vejo Deus
É o mesmo olho por onde "Ele" me vê.
De Waly Salomão
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