O filme não se trata da passagem da juventude para a vida
adulta. Não do jeito/modo que quase todo mundo transita.
O longa trata, de forma quase camuflada, o espectro do
autismo em mulheres, e mostra como a mulher consegue - quando o autismo não faz
parte dos níveis mais avançados - se adaptar ao mundo. Seja através da
observação e da cópia de gestos e atitudes de outras mulheres, pelo fator
Sociedade ou de uma autocobrança.
Tudo isso, e com a prática do que é visto e repetido, leva
essa mulher com transtorno de espectro autista leve a um quase êxito de seus
objetivos de transição (ou qualquer outro).
Pouco é falado sobre o autismo em mulheres, são raros os
profissionais da saúde que conseguem identificar o autismo em meninas e
mulheres, pelo fato de estar enraizado o manual de "sintomas" do
autismo masculino. Isso faz com que muitas mulheres passem a vida com um
diagnóstico errado.
O filme dirigido, co-produzido e estrelado por Brie Larson
(primeiro filme dirigido por ela) talvez não receba as críticas pontuais com
base nessa linha de interpretação.
Talvez quem conviva, ou viva na pele, com o autismo será
capaz de perceber os "ritos de passagens", as ansiedades, a criação e
desenvolvimento de processos criados pela própria personagem e entender como as
mulheres com o espectro muitas vezes conseguem passar "despercebidas"
neste mundo de tantas cobranças, mudanças, estruturas, complexidades e pressa.
Existem mundos incríveis dentro de cada um. Uns mais
coloridos e complexos que outros. Todos merecem respeito, espaço (espaço é
muito importante) e apoio.
Todas(os) nós lutamos para evoluir. O filme de Brie é
isso... sobre evolução.
Camila Passatuto
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