Agora que procuras o verso ideal, que inicie o novo poema
E encerre um primeiro, agora que é maior o malogro.
E tu bem sabes o tamanho disto, a distância entre o que
acham e o que corriges.
Menores assim as premissas que te cabem.
O teu verso parco, o teu desgosto, o teu sorriso inócuo
(inócuo porque és incipiente),
O teu abraço desajeitado, a tua eterna obra em aberto.
É depois da cidade que os suspiros se ajustam.
É depois da cidade, esta que nunca foi tua, onde não existem
mais motivos.
O coração não foi nunca mais aquele pedaço esquecido do
acaso,
E o escopo largo dos sorrisos escamoteia a nuvem negra sobre
a cidade
Enquanto as portas se fecham a toda prova
E os guizos nos pescoços das crianças gemem como elos
achados de uma fantasmagoria.
Por conta do que vai escrito não houve mais recusa sob
hipótese nenhuma.
O trem suburbano viajando na madrugada para mais um dia de
trabalhos forçados,
E o dinheiro estará lá, contado, e o infeliz também estará
lá , com certeza.
O coração bate compassado como numa marcha.
Existem aqui cadafalsos em cada pendência.
Cada passagem e sua impossível sentinela esquálida
parafraseando a metamorfose dos fracos a deitar a vista
Sobre os cumes elevadíssimos da competência – ai!
competência à paga de tanta fuleiragem:
O morto futuro antevê o seu defunto.
Se toda a palavra fosse uma alegria, uma consonantal alegria
impronunciável (?),
E aqui nada haveria como vai; amanhã é sábado, não levar
consigo os escrutínios.
Às vezes é tudo o que se avista daqui: grandes pensamentos
terminam em ócio,
Embora o miocárdio seja insistente na sua jornada finita.
O sangue reticente foi o alvo que agora a seta difusa não
quererá mais atingir,
Seu modelo principal foi o pecado, a multa que a
parafernália dos íntimos não observa.
Aqui estarias saturado de incompetência e desespero,
E sabemos que ninguém advogará em sua causa, coadjuvante que
és na esfera do lindo.
Ari Marinho Bueno
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