sexta-feira, 12 de julho de 2019


Essa exaustão que amiúda os movimentos, contorce os olhos desesperados dos que me cobram tarefas e prazeres, atrasa minha transa, descalcifica o amor pela humanidade e bamboleia o lirismo bastião.

Não é nuvem de cigarro, nem lápis apoiado na orelha. É a inanição dessa gente. Esse ódio tolo que afasta.

Na rua me doam dentes amarelados a fincar firme o braço até a infecção final... Eu vi o fim e não profetizei.

É uma volta a mais de metrô em teus trilhos de sinfonia ruim. São meus cavalos que não galopam, sempre estacionados no centro da cidade, errantes de meus erros supostamente dedilhados nos pasquins de segunda.

Meu amor, eu falo dessa doença que entrava, não escoa e nem carboniza, faz as palavras tomarem pesos absurdos.

Mata minhas meninas, apodrece os meninos.

Essa preguiça que não é. Limite. Esse caos de começo, essa poesia que não me cabe os dedos, que não me ladra em rimas ou bastilhas de teu reino.

– Siga em mim a falha fratura de queda. Entenda!
Calo-me. Sobre a língua o salvador.

Tuas aleluias dominicais adentram minha boca.

21h15.
É prozac, doutora?

Trecho do livro "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" - Camila Passatuto (Editora Penalux, 2017)


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