Essa exaustão que amiúda os movimentos, contorce os olhos
desesperados dos que me cobram tarefas e prazeres, atrasa minha transa,
descalcifica o amor pela humanidade e bamboleia o lirismo bastião.
Não é nuvem de cigarro, nem lápis apoiado na orelha. É a
inanição dessa gente. Esse ódio tolo que afasta.
Na rua me doam dentes amarelados a fincar firme o braço até
a infecção final... Eu vi o fim e não profetizei.
É uma volta a mais de metrô em teus trilhos de sinfonia
ruim. São meus cavalos que não galopam, sempre estacionados no centro da
cidade, errantes de meus erros supostamente dedilhados nos pasquins de segunda.
Meu amor, eu falo dessa doença que entrava, não escoa e nem
carboniza, faz as palavras tomarem pesos absurdos.
Mata minhas meninas, apodrece os meninos.
Essa preguiça que não é. Limite. Esse caos de começo, essa
poesia que não me cabe os dedos, que não me ladra em rimas ou bastilhas de teu
reino.
– Siga em mim a falha fratura de queda. Entenda!
Calo-me. Sobre a língua o salvador.
Tuas aleluias dominicais adentram minha boca.
21h15.
É prozac, doutora?
Trecho do livro "TW: Para ler com a cabeça entre o
poste e a calçada" - Camila Passatuto (Editora Penalux, 2017)
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