Viaturas nunca intimidam a descarga de sangue quando o tempo
fecha e não chove a mercê do rei.
Tente me esperar do outro lado.
Sei das tolices, esses brotos amarelos que nascem no entre
de vielas abafadas a estourar chinelos gastos e cabeças raspadas.
Esse monumento talhado no metal, que alimenta nosso bando
inteiro, diz que não sabe, não viu ou sentiu.
Quem sabe?
Teu olhar odioso dobra a umidade do alojamento. A vontade de
sobreviver passou.
Tenho saudade dos fins de tarde, tempestade rasteira, vento
de arrepentar linha de pipa, os redemoinhos de saci com fome de medo. E você
escorada na porta de aço, lembra?
Ela toda cinza combinava - desrespeitosa e fiel - com essa
tonalidade que o pé d'água impunha ao olhar teu.
Tudo passou pelo pé da soleira.
Grades finas não educam por uma noite.
É que quebrei o nariz de alguém, a mão ainda dói. Quando vi,
olha só, a garrafa já rompia jugular. O que posso fazer?
Sei das filhas-tolices.
Tua boca borbulha rancor.
Presídio nenhum segura o vício por finais estupidos. E erro
ao pedir um perdão rouco ou uma espera egoísta.
Apunhá-lo o manual das almas. O cheiro de esgoto envolve
minha paz travestida. Juro força ao lúdico e devoro partes dos dedos ansiosos.
Tua boca borbulha rancor.
-
Apago a luz. Sei do disparate.
Peço. Tente me esperar
do outro lado
- linda, calma e sã -
Virgem das noites em mim,
Salvação de tártaro
Filha de Dante.
E foda com Lilith
Na balbúrdia
Do fim,
Meu amor.
Sem dó.
-
Artigo 121
-
Camila Passatuto
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